Plebiscito na Colômbia: Submissão às FARC ou Nova Guerra à Vista?
Plebiscito: legitimação das imposições unilaterais das FARC ou tira-gosto de uma nova guerra?
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Com amplo espetáculo
midiático e com ausência total do debate profundo, além da indiferença e
apatia do grande conglomerado colombiano a respeito, Juan Manuel Santos
deu outro passo ordenado pelas FARC em Cuba, para a legitimação do
grupo terrorista e a evidente possibilidade da ressurreição da violência
em zonas rurais de conflito histórico.
Mediante
uma atuação de algibeira, a Corte Constitucional aprovou que se realize
um plebiscito, espúrio e exclusivista sem a massiva participação
democrática, no qual as FARC utilizaram a seu favor a mesma arma
dialética esgrimida por comunistas armados e desarmados em anteriores
processos eleitorais: a ilegitimidade dos eleitos com escassas margens
de participação popular.
Curiosamente,
desta vez que magistrados, congressistas e presidente da República
irresponsáveis e politiqueiros, decidiram aprovar às pressas o destino
do país, mediante leguleios e equilibrismos demagógicos publicitários,
as FARC, que por princípio exigiam uma assembléia constituinte à sua
medida, deram suposta luz verde para que seja esse o mecanismo de
referendação do imposto por eles em Cuba, ao ponto de que reconhecidos
cúmplices do grupo terrorista já vociferam que conseguirão dez milhões
de votos pelo “sim”.
Sem
sombra de dúvida, em uma democracia saudável, um plebiscito para
referendar os acordos seria o mecanismo ideal mas com a participação
massiva e total do povo colombiano, cujo destino está em jogo. Se não
for assim, não teria nenhuma validade nem legitimidade. O questionável
então é porque se força um umbral mínimo e com o dinheiro dos
colombianos, Santos e seus sequazes se convertem em propagandistas e
idiotas úteis dos comunistas armados e desarmados que querem ver a
Colômbia arrasada igual à Cuba e Venezuela.
A
explicação nesta realidade atípica porém reiterativa ao longo de 200
acidentados anos de vida republicana, se sustenta na mediocridade da
direção política, a ausência de líderes nacionais, regionais e locais, a
inexistência de programas nacionais a longo prazo com objetivos
superiores, a ausência de identidade dos colombianos com nossa geografia
e destino, o centralismo em Bogotá e nas capitais, o abandono do campo,
a inexistente criatividade científica, a paupérrima infra-estrutura nos
mal chamados territórios nacionais, a manipulação pessoal e oportunista
que diferentes governantes deram às Forças Militares e muito mais.
No
momento, a vaidade de Santos para conseguir o Prêmio Nobel da Paz e a
ambição desmedida de Humberto de la Calle secundado por um coro de mudos
por alcançar a imerecida presidência da República, a Colômbia está a
ponto de votar um plebiscito que em contraste é necessário mas ao mesmo
tempo espúrio, pois não compromete o país em geral, senão a um pequeno
setor da população votante aos quais com a mesma trapaça que conseguiu a
reeleição, Santos aspira a manipular por meio da marmelada entregue aos
camaleônicos caciques regionais que desta vez são santistas e amanhã
serão de qualquer outro bando.
Entretanto,
os donos da terra, os caciques que historicamente auspiciaram outras
violências optarão por fazer o que melhor sabem para proteger seus
feudos: organizarão grupos armados que pela dinâmica das lógicas das
guerras impedirão a todo custo que o desejado sonho comunista de
instaurar republiquetas independentes, como indicam as imposições das
FARC a Santos em Cuba, se cristalize.
Assim
ressurgirão bandos de justiça privada, o narcotráfico seguirá seu
poderoso curso, os Estados Unidos falarão com a dupla moral de sempre
aos problemas internos da Colômbia dos quais também são parte, as Forças
Militares continuarão atoladas em uma guerra de desgaste, os comunistas
locais e continentais continuarão empenhados em converter a Colômbia no
berço geo-estratégico do continente, Rússia e China tirarão vantagens
geo-políticas, com artimanhas a Nicarágua continuará roubando o mar da
Colômbia e Santos, como Pastrana e Belisario, terá a estúpida desculpa
de que ele quis a paz mas nem as FARC cumpriram com a palavra, nem os
inimigos ocultos do processo o permitiram.
Em
síntese: a improvisação, a miopia geo-política, a ignorância crassa
acerca do Plano Estratégico das FARC, a centralização aristocrática do
poder, o abandono das ricas e extensas regiões colombianas, somada à
indiferença limítrofe de uma enorme massa à qual parece não interessar
em nada o destino nacional, nos conduzirão ao mais do mesmo que temos
vivido durante mais de cinco décadas de violência, narcotráfico,
terrorismo, corrupção, demagogia e promessas baratas.
Portanto,
fica estabelecida a pergunta: se trata-se de plebiscito, legitimação
das imposições unilaterais das FARC ou tira-gosto de uma nova guerra?
Fonte: Heitor de Paola