Para Sérgio Moro a corrupção não se combate apenas com processos e defende "reforma ampla" no sistema
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da operação Lava Jato em primeira instância, afirmou nesta terça-feira que os problemas da corrupção não se resolvem somente com processos judiciais e defendeu uma "reforma ampla" do sistema.
Moro, que participou de um fórum sobre corrupção em São Paulo, enfatizou a necessidade de reduzir a impunidade e comparou o combate à corrupção com o processo de abolição da escravidão no século XIX.
"Ambas as operações começaram de forma modesta", indicou Moro, durante uma conferência organizada pelo jornal "O Estado de São Paulo" sobre as operações Mãos Limpas e a Lava Jato.
Moro defendeu o uso das "delações premiadas", as confissões realizadas por acusados em troca de uma redução de suas penas, e considerou que a democracia brasileira vive um "processo de maturidade" e assegurou que "há razões" para que se mantenha a "esperança" no país.
Gherardo Colombo, um dos juízes italianos da investigação Mãos Limpas, também participou do fórum, no qual ressaltou algumas das similitudes entre Brasil e Itália no que diz respeito à corrupção.
"Assim como no Brasil, na Itália quase todos os partidos políticos estavam envolvidos em delitos de corrupção", afirmou Colombo.
O ex-juiz, que em 2007 abandonou a magistratura, comentou que a "corrupção não diminuiu na Itália" e lembrou que 40% dos envolvidos se livraram da prisão pela prescrição de seus crimes.
"Deixei o cargo 14 anos antes da minha aposentadoria, pois acredito que é absolutamente necessário focar em outra fonte importante, que é a educação", disse Colombo.
Para ex-magistrado italiano, a "Mãos Limpas foi a prova clara, científica, documentada que, diante de um fenômeno extenso, radicado, articulado, como era a corrupção na Itália, o caminho do processo penal e da justiça penal é destinado a não ter sucesso".
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, afirmou, por sua vez, que no Brasil é necessário ir além da Lava Jato e ressaltou que "a corrupção acaba alavancando a permanência dos corruptos no poder".
"A chegada de corruptos ao poder gera mais corrupção", afirmou o procurador.
Fonte: EFE