Psicólogos devem combater a "masculinidade tradicional", recomenda APA
A American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia) publicou novas diretrizes para os psicólogos dos Estados Unidos explicando como a "masculinidade tradicional" é "prejudicial" para homens e meninos. O documento já atraiu críticas consideráveis.
As diretrizes profissionais, que supostamente levaram 13 anos para serem desenvolvidas, são às primeiras do tipo que o grupo publicou para os profissionais que trabalham com homens e meninos.
A APA [não confundir com a Associação de Psiquiatria, que apesar de usar a mesma sigla, é outra organização] conta com 40 anos de pesquisa "mostrando que a masculinidade tradicional é psicologicamente prejudicial e que socializar meninos para reprimir suas emoções causa danos que repercutem tanto interna quanto externamente", explica o comunicado de imprensa divulgado agora em janeiro.
Entre as afirmações feitas pela APA, "quanto mais os homens se conformam com as normas masculinas, maior é a probabilidade de considerarem comportamentos de risco normais, como beber exagerado, usar tabaco e evitar verduras, e se envolver nesses comportamentos de risco".
"O que é gênero na década de 2010?", pergunta Ryon McDermott, um psicólogo da Universidade do Sul do Alabama, que ajudou a elaborar às diretrizes sobre a masculinidade dos homens. "Não é mais apenas esse binário masculino-feminino", responde ele no documento.
O papel do clínico, diz ele, pode ser encorajar os homens a "descartar as ideologias nocivas da masculinidade tradicional (violência, sexismo) e encontrar flexibilidade nos aspectos potencialmente positivos (coragem, liderança)".
McDermott e sua equipe estão trabalhando em uma "escala de masculinidades positivas" para capturar a adesão das pessoas às características pró-sociais esperadas dos homens, algo que ainda não foi medido sistematicamente.
A masculinidade "tradicional" nunca é definida precisamente no relatório. Mas os autores dizem que ela é "marcada por estoicismo, competitividade, domínio e agressão [e] é, no todo, prejudicial".
Até agora, algumas reações, abrangendo o espectro político e profissional, disseram que a APA é uma organização indigna de confiança e de viés ideológico.
O escritor conservador e apresentador de rádio Ben Shapiro observou na segunda-feira que a APA "tem sido um órgão abertamente político há anos. Essas diretrizes são apenas o mais recente sintoma".
Da mesma forma, o comentarista Erick Erickson disse que as novas diretrizes têm "muito mais a ver com a esquerda capturando uma instituição do que com preocupações médicas legítimas".
Jesse Singal, do The Atlantic, conhecido por sua matéria profunda sobre a disforia de gênero, argumentou no sentido de que não é bom para uma organização como a APA ir além das evidências [científicas] apenas para promover uma causa que muitos progressistas desejam ser verdade, mas permanece discutível.
O psicólogo evolucionista e professor da Universidade do Novo México, Geoffrey Miller, também não ficou impressionado.
"A APA usou seu exército de psicólogos clínicos para travar uma guerra pseudoterapêutica contra a masculinidade tradicional, o patriarcado, o estoicismo masculino e as rígidas normas de gênero", comentou no Twitter.
Escrevendo para a National Review, David French comentou que as escolas já vão longe demais ao suprimir aspectos saudáveis da masculinidade nos meninos.
"Crianças do sexo masculino estão ficando para trás nas escolas, não porque as escolas deixaram de realizar brincadeiras envolvendo riscos e aventuras, mas muitas vezes porque reprimem implacavelmente os meninos e às vezes punem a natureza essencial dos meninos, desde o início até o final do dia, especialmente em lares sem pai", disse ele.
"As experiências de ensino fundamental aparelhadas geralmente significam que os meninos são expostos a poucos modelos de comportamento masculinos, e a inquietação masculina é, portanto, vista quase inteiramente como um problema a ser resolvido, em vez de um potencial a ser moldado", completou.
O relatório explica que os homens cometem a esmagadora maioria dos homicídios, são o grupo em maior risco de serem vítimas de crimes violentos, são 3,5 vezes mais propensos a cometer suicídio e sua expectativa de vida é quase 5 anos mais curta que a das mulheres.
A APA, então, parece concluir que normas rígidas de gênero e noções tradicionais de masculinidade são em parte culpadas, e incentiva os psicólogos à evitar esses padrões, para que eles possam se "concentrar em apoiar os homens a se libertarem das regras de masculinidade", escreve McDermott, segundo o relatório.
Comentário:
É importante frisar que a Associação Americana de Psicologia não funciona como o Conselho Federal de Psicologia, aqui no Brasil. Nos Estados Unidos o que existe é uma associação, onde os profissionais se inscrevem voluntariamente, mais por prestígio, enquanto em nosso país o CFP é uma autarquia e, portanto, um órgão público, no qual todos os psicólogos precisam estar registrados para exercer a profissão.
Na prática, isto significa que apesar de possuir peso nas orientações profissionais, a APA não determina a maneira como cada psicólogo deve abordar e entender determinado assunto. Os profissionais possuem plena liberdade para criticar e contrariar às diretrizes do órgão, diferentemente do Brasil, que apesar da crítica ser livre e um direito assegurado constitucionalmente, a contrariedade de algumas normas no tocante ao - exercício profissional - não são possíveis, devido ao risco de punição por violação das técnicas "reconhecidas".
O problema dessas diretrizes acerca da masculinidade é diverso. Está evidente que não se trata de alertar quanto aos estereótipos, de fato, nocivos sobre o que se entende ser "macho", pois caso contrário não se falava da masculinidade por si mesma, e sim dos estereótipos.
A intenção, portanto, é ir além dos estereótipos, atingindo, sim, o conjunto de características culturais e até mesmo biológicas que modelam a masculinidade do homem. O objetivo disso é criar uma geração de pessoas de "gênero neutro" ou "fluido", desprezando completamente o papel biológico da sexualidade humana, que por si mesma possui identidade (e orientação) imutável.
Para quem acompanha o tema da "ideologia de gênero" sabe que essa baboseira não é uma novidade, mas apenas a confirmação do que acontece quando ideologia e ciência se misturam. Assim como observou Shapiro, o mesmo ocorre no Brasil, com o Sistema Conselho de Psicologia, aparelhado politicamente nos últimos anos.
É um mal que causa estragos, mas tem solução.
Fonte: Christian Post.
Comentário: Will R. Filho